Amplavisão: Ambiente favorece reeleição dos deputados estaduais

Manoel Afonso*

APOSTAS: Nem sempre é preciso ser portador de conhecimentos sociológicos para analisar o quadro eleitoral. As vezes basta ter o senso desapaixonado de observação para se chegar a conclusão mais provável. Sobre a sucessão estadual seria precoce apostar em determinado nome, mas para a Assembleia Legislativa já é possível falar em favoritismo.

VANTAGENS: Em tese, quem ocupa hoje uma cadeira na Assembleia Legislativa tem a seu favor vários fatores. O mandato é uma arma poderosa quando usada com sabedoria em certos cenários políticos. Ele proporciona visibilidade na mídia e instrumentaliza ações políticas e sociais que capitalizam prestígio e reconhecimento na opinião pública.

DETALHES: Mas o candidato precisa estar no partido certo para não sofrer reveses da legislação. O quociente eleitoral as vezes castiga candidatos bons de votos e beneficia outros com desempenho inferior. Em 2018 Joao Henrique (PL) com 11.010 votos foi eleito com votação inferior a 7 concorrentes, inclusive Mara Caseiro (PSDB) com o dobro da sua votação – 23.813 votos.

PEDREIRA: Até aqui apenas dois dos 24 deputados estaduais não concorrerão a reeleição: Capitão Contar (PRTB) eleito com 78.390 votos e Eduardo Rocha (MDB) com 22.347 votos. Difícil identificar prováveis herdeiros dos votos de ambos por uma série de fatores e circunstâncias inerentes a cada pleito. Transferir votos e prestígio é complicado.

CONCLUSÃO: Além dos 22 postulantes à reeleição há vários nomes com boa votação que ficaram como suplentes no último pleito e que concorrerão novamente. São personagens com experiência e boa inserção em seus colégios eleitorais. A priori, em tese, estariam em posição mais favorável, mas sem garantia absoluta de êxito nas urnas.

PALPITES: São válidos. No aprazível saguão da Assembleia Legislativa na manhã da última terça feira, observadores foram unânimes – a disputa hoje seria por apenas 4 cadeiras. Portanto, salvo tropeços de última hora, a renovação tende a ser mínima. Vale lembrar que os atuais detentores de mandato acabaram beneficiados pela pandemia.

AÇÕES & DEPUTADOS: Paulo Corrêa (PSDB): Imprimindo ritmo dinâmico as sessões; comemorou o Dia do Padre na pessoa do padre Giulio Boff; esteve em Bonito visitando obras com o prefeito Josmail. Zé Teixeira (PSDB): pede união de forças federais e estaduais para aquisição de aparelhos de eletrocardiograma para postos de saúde de Ivinhema. Lucas de Lima (PDT): destinando emenda no valor de R$100 mil para Pedro Gomes em nome do radialista Genilson Santana. Capitão Contar (PRTB): seu projeto permite que idosos e deficientes físicos façam reserva de transporte gratuito de ônibus pela internet. Marçal Filho (PSDB): destacando a importância da campanha ‘Agosto Lilás’ contra a violência doméstica que vem aumentando também em nosso Estado. Gerson Claro (PP): tem projeto para ampliar a publicidade sobre isenção de custas e emolumentos em nossos cartórios.

‘MISTÉRIO’: Na Assembleia Legislativa ouvi críticas a postura do ex-governador Zeca do PT. Após recuperar sua elegibilidade ele tem se postado distante do núcleo da candidatura petista ao Governo. Sua ausência na convenção do partido soou muito mal, pois é a liderança maior do PT e favorito a uma cadeira na Alems.’ Estranho’ mesmo.

PREPARADO: A atuação do deputado Paulo Duarte (PSB) prima pelo embasamento técnico desde a época do PT. Não cultiva abobrinhas. No projeto do Executivo sobre o Sistema de Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros, por exemplo, ele contribuiu com subsídios aperfeiçoando a proposta que beneficia a população de muitas cidades do interior.

SAI DEBAIXO! Salve-se quem puder. No facebook e em outros nichos das redes sociais a guerra eleitoral ganha contornos jamais vistos num pleito doméstico. Esqueçam ética e princípios básicos das relações humanas. Está valendo absolutamente tudo na batalha para seduzir o eleitor, do humor sarcástico às acusações com imagens de arrepiar.

IMPOTENTE? O mau uso da internet nas eleições é objeto de promessas de combate com leis rigorosas. Mas o que se vê é a esperteza, a criatividade e a ousadia formando um trio que caminha à frente do poder público. A demora nas investigações acaba favorecendo os abusos que provocam estragos imensuráveis. Afinal, na política o que vale é a versão do fato.

QUE CRISE? Se até a banana anda cara, a esperança do pobre é que a generosidade ocasional dos candidatos lhe garanta um suspiro temporário. Sobre a relação cumplice entre eleições e a circulação do vil metal, tem certo sentido a tese surrealista de que no Brasil as eleições deveriam acontecer todos os anos. Mas, após as eleições tudo fica como antes e o pobre não ganha nem um ‘bom dia’.

DEPUTADOS & AÇÕES: Evander Vendramini (PP): comemora aprovação de seu projeto obrigando a presença de dentista nas UTIs dos hospitais públicos e privados do MS. Lídio Lopes (Patri): incansável na oitiva pessoal de prefeitos, vereadores e lideranças das comunidades urbanas e rurais da região do Cone Sul. José C. Barbosa (PSDB): antenado, vem insistindo na necessidade das políticas públicas de inclusão social nos projetos de governo de Mato Grosso do Sul. Mara Caseiro (PSDB): ampliou sua base eleitoral atingindo várias regiões, – cujas cidades vem recebendo benefícios governamentais. Excelente parlamentar. Pedro Kemp (PT): suas intervenções nas sessões tem contribuído no aperfeiçoamento dos debates e de decisões que refletem positivamente na população.

1-CRITÉRIOS: Alberto Schlatter foi escolhido como companheiro de chapa de Rose Modesto (União Brasil) menos pela sua biografia política e mais pelos predicados de cidadão interiorano que ajuda o país na lida da terra. É possível (é esse o objetivo) que sua imagem transfira maior textura ao projeto político. Mas isso dependerá do espaço que lhe será destinado na campanha.

2-CRITÉRIOS: No que concerne a escolha de Tânia Garib como companheira de chapa de André Puccinelli as motivações são outras. Caminhantes de longa data do MDB, ambos tem identificação e uma boa sintonia administrativa de vários anos. No caso pesou consideravelmente – também – a visão social e a notória competência profissional dela.

3-CRITÉRIOS: Não foi por mero acaso a escolha de Viviane Orro como companheira de Marquinhos Trad (PSD). Filha do ex-vice prefeito Odilson Nogueira (gestão Raul Freixes) com tradição política em Aquidauna, esposa do deputado Felipe Orro, tem facilidade de expressão, disputou a prefeitura em 2020 e como médica atuante cultiva valores vinculados a dignidade humana.

DUPLO ADEUS: O primeiro deles é do ex-senador Delcidio do Amaral ao perder a batalha judicial. Engajado no PTB continua inelegível à espera de um milagre para voltar a ter espaço. O segundo, em situação diferenciada, o vice governador Murilo Zauith que saiu sutilmente da cena eleitoral recusando o convite de Rose Modesto pelo ‘União Brasil’. Após o Covid ele mudou as prioridades na vida.

PESQUISAS: Sobre elas temos falado muito. Mas como campanha eleitoral é igual a viagem pelas estradas brasileiras, imprevistos não são descartados. Pode aparecer de tudo no caminho e o que era bom fica ruim. Os candidatos estão apostando no horário eleitoral para solidificar os redutos conquistados e convencer os eleitores indecisos que são muitos. Lembrando que o eleitor quer ouvir projetos e não apenas ‘oba oba’.

AJUDA? A vinculação de candidaturas locais ao Governo de Bolsonaro deve ser benéfica, tendo como ponto de referência a ex-ministra Tereza Cristina. Mas é claro que apenas esse vínculo midiático não será o bastante para garantir a eleição de alguns postulantes com pouca eficiência comprovada ou de preparo duvidoso para suas pretensões. Podem ficar à beira do caminho.

‘REMEMBER’: No Brasil há ondas eleitorais vencedoras. Foi assim em 1986 com o MDB varrendo a oposição de ponta a ponta. Depois tivemos o PT protagonizando o episódio conhecido. Nos dois casos muitos oportunistas se saíram bem. Agora percebe-se que alguns fantasiados de verde e amarelo pegando carona na ‘Onda Bolsonarista’. Sinceramente não sei qual o percentual de eleitores simpáticos a estratégia.

OPINIÕES: “É só fazer um raciocínio: temos eleições a cada dois anos no Brasil. Tudo que o governo fizer é campanha eleitoral” (Dilma Roussef). “Pesquisa não definem resultados. Se definisse, Paulo Maluf teria sido eleito governador de São Paulo em 1998 e Lula presidente em 1994” (José Serra).

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