Farelo proteico impulsiona crescimento da indústria de etanol de milho no Brasil

O mercado de DDGs (Dried Distilled Grains), farelo proteico gerado pelas usinas de etanol de milho, está impulsionando o crescimento da indústria voltada para a produção desse biocombustível no Brasil.

Com o preço em alta, dobrando em apenas um ano, o volume do produto em 2020 atingiu dois milhões de toneladas.

Em Mato Grosso, a tonelada de DDG, que esteve cotada a menos de R$ 700,00 em novembro do ano passado, passou para R$ 1.425,00 na primeira quinzena de novembro deste ano.

A alta seguiu a disparada de milho, soja e farelo de soja, mas também refletiu o impacto da seca nas pastagens, aumentando a procura por ração.

Além disso, a demanda internacional por carnes impulsionou o interesse de confinadores e criadores de aves e suínos.

Em razão das cotações atuais, o DDG já é capaz de cobrir 50% do custo de uma usina de etanol com a compra de milho. ”

O DDG faz hedge natural com o milho. Não é um subproduto, é tão importante quanto o etanol”, afirmou Guilherme Nolasco, presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem).

Produção

Recente boletim divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) destacou que produção total de etanol milho na safra 2019/20 está estimada em 1.675 bilhão de litros.

Para a safra 2020/21 a Companhia prevê um aumento de 80,30% em relação à safra anterior, para 3.021 bilhões de litros.

Em Mato Grosso, a demanda por milho para etanol já supera a quantidade do grão destinada à produção de ração.

Ao traçar sua última estimativa para a safra de milho, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) ressaltou que “o crescimento das usinas produtoras de biocombustível à base de milho tiveram maior participação no consumo do cereal dentro do estado”.

O Imea também registrou que a produção da última safra de milho em Mato Grosso foi mantida em 35.45 milhões de toneladas e que a demanda interna ficou estimada em 10.44 milhões de toneladas.

Novas usinas

“Com os projetos de novas usinas, especialmente no Centro-Oeste, região que mais se destaca no setor de etanol de milho, a expectativa é de que a produção aumente.

As condições logísticas dessas usinas são muito favoráveis para atender a região”, afirmou o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Hélio Sirimarco. Segundo ele, o setor vem se desenvolvendo rapidamente.

“Na prática, a pandemia do Coronavírus manteve na gaveta alguns projetos que estavam no papel, mas apenas postergou o início das operações de uma das quatro usinas que estavam programadas para começar a funcionar neste ano, a da Etamil, em Campo Novo do Parecis (MT), que deverá começar a operar no início de 2021”.

Neste ano, o início das atividades das plantas da FS e da Inpasa, também em Mato Grosso, impulsionou a produção de etanol de milho, que aumentou 96,40% de janeiro a outubro, em relação ao mesmo período do ano passado, alcançando quase 2.1 bilhão de litros.

Regiões como a bacia do Rio Araguaia, entre Mato Grosso do Sul e o sul de Mato Grosso, e o Paraná, também estão cotadas para receber novos projetos de implantação de usinas de milho, informou Nolasco.

O presidente da Unem disse ainda que as usinas que já entraram no mercado de milho estão devidamente preparadas e compram o grão de forma antecipada há meses, e acrescentou que o segmento deverá entrar agora em uma segunda etapa de crescimento, voltada para a ampliação das capacidades atuais.

Expectativa

Segundo a entidade, considerando o período da safra sucroalcooleira 2020/21, que começou em abril, a produção de etanol de milho até outubro foi 92% maior que a do mesmo período da temporada passada.

Para todo o ciclo atual, a expectativa é de aumento de 64%, para 2.75 bilhões de litros, um número ainda pequeno em comparação ao volume de etanol de cana gerado no centro-sul.

Veja também
plugins premium WordPress