Além de reclamar do vazamento do conteúdo das 15 denúncias de crimes sexuais contra o ex-prefeito de Campo Grande e candidato a governador do Estado Marquinhos Trad (PSD), a defesa do político não se conforma com a criação do Disque Denúncia para que as mulheres possam informar possíveis novos casos de assédio que o seu cliente possa ter cometido, enquanto esteve como prefeito da Capital.
Segundo ainda as advogadas de defesa Rejane Alves de Arruda e Andrea Flores, uma cafetina teria cooptado garotas de programa para realizarem as denúncias.
Diante da desqualificação das supostas vítimas de Marquinhos Trad, feita pela defesa do político, a Delegada Adjunta da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) Maíra Pacheco Machado, ao falar recentemente sobre o inquérito instaurado para investigar denúncias contra o ex-prefeito pela prática dos crimes de estupro, favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual, assédio sexual, importunação sexual, perseguição, posse sexual mediante fraude e vias de fato, pediu mais respeito às vítimas. “Devemos ter um maior respeito por essas vítimas”, visto que “existe no Brasil, por conta do sistema patriarcal, uma cultura do estupro onde quando se denuncia um crime contra a dignidade sexual a primeira pessoa a ser culpada é a vitima, seja pela roupa que ela ostenta, seja pela forma como se portou, dificuldade ou não que ela tinha… e dificilmente alguém olha pro suspeito, é sempre a vitima a ser questionada, culpada e a ser julgada”.
Linha direta
A delegada responsável pelo caso, Maíra Pacheco, informou que 20 pessoas já foram ouvidas, sendo que muitas vítimas têm denunciado o caso por meio do WhatsApp criado para receber informações. Ela esclareceu que com essa ferramenta, as vítimas se sentem mais confortáveis para conversar sobre os crimes. Através da linha direta 67 99324-4898 para denúncias em relação ao ex-prefeito Marquinhos Trad, a denunciante fala diretamente com uma única pessoa e o sigilo é garantido.
O inquérito foi aberto a partir dos depoimentos de quatro mulheres, realizados entre os dias 4 e 5 de julho, na Corregedoria da Polícia Civil. As vítimas declararam nos depoimentos que teriam mantido relações sexuais com Marquinhos Trad, inclusive no banheiro do gabinete dele, na prefeitura de Campo Grande, com a promessa de vantagens, como um emprego público. Hoje, já são 15 a quantidade de mulheres que formalizaram denúncia contra o político. Mesmo diante do número expressivo, o Ex-prefeito tenta desconstruir as denúncias contra ele, argumentando que se tratam de “armações políticas”.