Marquinhos Trad e Odilon usam avião de condenado por estupro e sonegação fiscal para fazer campanha

Enquanto falam de Deus e de honestidade, os pré-candidatos Marquinhos Trad e Odilon de Oliveira estão fazendo uso de um avião de um empresário condenado por estupro e por sonegação de tributos para fazer campanha e buscar apoio político. 

A aeronave do empresário Zeca Lopes – condenado por estupros de meninas que, na época, tinham 11 e 13 anos – é usada pelo ex-prefeito e pelo juiz aposentado nas viagens pelo interior. Eles já usaram o avião Hawker Beechcraft, modelo G58, ano 2007, registrado em nome da J.C.G. Participações e Empreendimentos Ltda, para viajar para Corumbá, Dourados e Três Lagoas.

Antes de embarcar para uma agenda eleitoral em Três Lagoas, Odilon e Marquinhos deram uma entrevista e, sem mostrar nenhum tipo de constrangimento, o ex-prefeito falou em princípios cristãos.

“Estamos buscando apoio de pessoas decentes, corretas, que pensam com princípios cristãos e Deus tem nos colocado as pessoas certas no nosso caminho”, disse Marquinhos Trad.

“Nós temos que percorrer o Estado todo. Em 2018, eu como candidato ao governo do Estado percorri todos os municípios. E neste ano, nesse trajeto, temos a companhia muito agradável de Marquinhos Trad”, afirmou Odilon.

A empresa J.C.G. Participações e Empreendimentos Ltda está em nome de três filhas do empresário Zeca Lopes – Juliane, Caroline e Gabrielle – como consta na denúncia pelo procurador federal Sílvio Pettengill Neto em que o empresário é acusado de sonegação tributária e previdenciária. O caso tramita na 3ª Vara Federal de Campo Grande.

Segundo a denúncia, entre meados de 2012 a 28 de julho de 2017, Zeca Lopes usou a J.C.G. Participações e Empreendimentos para supostamente ocultar dinheiro sonegado. Conforme levantamento, o empresário teria usado R$ 5,1 milhões na compra de apartamentos, lotes, casa em condomínio de luxo, sítio e duas fazendas.

Estupro

Até 2015 Zeca Lopes era conhecido do fisco por ser um sonegador incorrigível e também por crimes trabalhistas e tributários. Mas naquele ano, estourou como uma bomba a denúncia feita pelo Gaeco/MS de estupro de duas crianças: de 11 e 13 anos.

As vítimas faziam parte de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes. O empresário e outras pessoas envolvidas no caso foram condenados em primeira instância pela 7ª Vara Criminal de Campo Grande, em 2017.

Em março do ano passado, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul manteve a decisão de primeira instância, determinado o cumprimento da pena em regime fechado.

Os advogados do empresário entraram com recursos em instância superior e ainda não houve decisão. Nos recursos apresentados à Justiça Estadual, o empresário, por meio do escritório de advocacia contratado, pediu a anulação da interceptação telefônica em que o empresário supostamente acertaria programa sexual. Ele alegou que não sabia a idade da menina quando houve encontro dentro de um motel.

Vida de luxo

O empresário comprou vários carros de luxo, apreendidos durante a Operação Labirinto de Creta 2, deflagrada por Força-Tarefa da Polícia Federal, Ministério Público Federal e Receita Federal para desarticular organização criminosa que fraudou o fisco federal em cerca de R$ 350 milhões. 

Residências e escritórios de Zeca Lopes, filhas e genro foram alvos da Operação, cujos mandados foram expedidos pelo então juiz da 3ª Vara Federal de Campo Grande, Odilon de Oliveira, que hoje passeia no avião do empresário.

Roubo

Além do uso do avião, Odilon nunca conseguiu explicar como o primo e ex-chefe de gabinete Jedeão de Oliveira desviou R$ 11 milhões da Justiça Federal. Jedeão foi condenado a 41 anos, 3 meses e 8 dias de prisão pelo juiz Dalton Igor Kita Conrado, da 5ª Vara Federal de Campo Grande. Jedeão foi braço direito de Odilon por 22 anos, no cargo de diretor da vara ocupada pelo juiz na Justiça Federal de Mato Grosso do Sul.

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