“Os princípios constitucionais devem valer para todos”, defende Coronel David ao falar sobre prisão de jornalista

“Os princípios constitucionais devem valer para todos”, defende Coronel David ao falar sobre prisão de jornalista

O deputado estadual Coronel David (Sem Partido) fez o uso da palavra na manhã desta terça-feira (30), durante a sessão remota para defender a liberdade de imprensa como um todo, e não somente para jornalistas da esquerda, como aconteceu no caso da prisão do jornalista Oswaldo Eustáquio.

“Nós temos uma tríade de princípios, que é o estado-juiz, o estado-acusador, e o estado-defensor, tudo isso fazendo parte do estado democrático de direito e se assenta no devido processo legal, com o devido contraditório, com a devida ampla defesa. Eu não tenho dúvida de que quem julga é o juiz, quem acusa é o Ministério Público, e quem defende ou é a Defensoria Pública, ou a defesa do interessado, tudo isso está definido na nossa Constituição Federal, porém, com muita tristeza, a gente vê que nenhum desses princípios foram seguidos pelo Supremo Tribunal Federal na condução do inquérito das Fake News”, explicou durante sua abordagem sobre o assunto.

“O inquérito foi instaurado por ordem do presidente da corte, o Ministro Dias Toffoli e designado ao Ministro Alexandre de Moraes como condutor do inquérito, e ao mesmo tempo ele é o juiz que toma todas as decisões referentes a esse processo”, disse o deputado. “Por isso, reitero que também aprendi que quem pode iniciar investigação de ofício é autoridade policial, ou a requerimento do Ministério Público, ou a pedido da parte interessada, e isso quem faz é a polícia judiciária, dos estados que é a Polícia Civil, e da união, que é a Polícia Federal. Vejo ainda que esse inquérito, cujo número é 4781 e que tramita no Supremo Tribunal Federal sob segredo de justiça, é um descalabro no meio jurídico. Lamento o silêncio da Ordem dos Advogados do Brasil, sempre tão zelosa em alguns assuntos que lhes dizem respeito e, nesse caso em específico do inquérito das Fake News, a OAB simplesmente tomou só uma providência, entrou com um Habeas Corpus para ter direito aos autos desse inquérito e conseguiu, pois o pedido foi deferido pelo Alexandre Moraes, só que depois houve um silêncio absoluto”, lembrou sobre a falta de atuação da entidade. David alertou que os acusados até o momento não sabem do que estão sendo acusados. “É um absurdo, foi nesse inquérito que ocorreu a prisão do jornalista Oswaldo Eustáquio, preso aqui em Campo Grande, na sexta-feira, pela Polícia Federal, cumprindo uma ordem de prisão expedida pelo Supremo Tribunal Federal. Eu estive ontem, até por uma condescendência da Superintendência da Polícia Federal, com o jornalista Eustáquio, que me narrou que no momento da prisão o policial federal que efetuou a prisão dele teve a preocupação de conseguir pegar o celular do jornalista de forma aberta, certamente para atender a ordem judicial para poder ter acesso a tudo que tinha no celular do jornalista. Nota-se, nesse caso da prisão do jornalista, que a Associação Brasileira de Imprensa, e a Federação Nacional de Jornalista (FENAJ), não falaram nada até agora. Fatalmente que tendo acesso aos dados contidos no celular que foi apreendido as autoridades tomarão conhecimento de quem era a fonte do jornalista, e que teria fornecida a informação divulgada pelo jornalista ao denunciar a participação da esposa do Ministro Alexandre de Moraes em uma questão supostamente irregular”.

“Estamos tendo, sob esse silêncio sepulcral da OAB e principalmente de todas as entidades ligadas ao jornalismo, algo preocupante, pois ninguém se manifesta. Hoje o jornalista Oswaldo Eustáquio foi levado para Brasília, porque a prisão dele foi prorrogada em mais cinco dias. Ele corre o risco de ter desnudado, descoberto, todas as fontes utilizadas para o seu trabalho jornalístico. Fonte não se revela. Esse inquérito absurdo vem atingindo os direitos fundamentais das pessoas no que tange à defesa e ao devido processo legal e ninguém fala nada, porque está sendo cometido pela Suprema Corte, uma vergonha”, finalizou defendendo a liberdade plena de imprensa.

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