Porto Murtinho terá novo perfil no turismo com roteiros fronteiriços

Portal da Rota Bioceânica, Porto Murtinho tem no turismo uma de suas vocações, seja na pesca esportiva no Rio Paraguai e seus afluentes ou no ecoturismo. Com a integração física, por meio de um corredor de 1.900 km, a partir de Campo Grande, com o Paraguai, Argentina e Chile, a chamada indústria sem chaminé ganhará uma nova dimensão na região. No centro desse mercado efervescente, a cidade pantaneira começa a qualificar o seu turismo.

Com uma atividade ainda centrada na tradicional modalidade pesca, que consolida o destino, o município deu a largada para implementar outras modalidades, as quais tem tudo a ver com uma região rica em biodiversidade, privilegiada por uma variedade de recursos naturais que abrangem não apenas o Pantanal, mas o Chaco Paraguaio, o Cerrado e Mata Atlântica. O turismo contemplativo e de lazer são atrativos ainda pouco explorados.

“Vamos mudar o perfil do nosso turismo, criando novos produtos e agregando outras atividades, como o artesanato, o centro histórico, em fase de recuperação”, anuncia o prefeito da cidade, Nelson Cintra. Ele também aposta na realização de grandes eventos em parceria com o Governo do Estado para movimentar o segmento, como a Festa do Toro Candil, a ser lançada em abril, e dois festivais: o do chamamé, em agosto, e da pesca esportiva, em novembro.

Com o apoio da Fundação de Turismo de MS (Fundtur) e do Sebrae, a cidade quer reorganizar seu trade e melhorar os roteiros e serviços, anuncia a secretaria de Turismo, Cultura e Desenvolvimento Local, Isabel Fróes. Por conta do novo momento que passa a região, com os investimentos trazendo infraestrutura, progresso e esperança, a prefeitura projeta a diversificação da atividade turística e atração de mais empreendimentos da cadeia.

“Temos uma região em grande potencial para o ecoturismo, pela influência de vários ecossistemas”, observa Anny Diaz, turismóloga do município. O plano de fomento ao setor, segundo a secretaria de Turismo, quer fortalecer a pesca esportiva e estimular os roteiros integrados com o Paraguai, desde o Chaco, onde ficam as colônias dos menonitas e grandes parques, a Valemi, que concentra cavernas na região do Rio Apa.

Observação de aves

Para o diretor-presidente da Fundtur/MS, Bruno Wendling, a formatação dos roteiros fronteiriços e a diversificação e qualificação de produtos e serviços serão uma consequência da operacionalização da Rota Bioceânica e do trabalho que a prefeitura local está realizando para estruturar o turismo. Ele disse que a fundação tem atuado no destino, por meio da governança da rota Pantanal-Bonito, com capacitação, apoio a eventos e promoção em feiras.

“Murtinho foi um dos primeiros municípios que recebeu planejamento na área de observação de aves, com capacitação de condutores”, observa Wendling. O turismo de observação de aves é classificado como um produto em potencial na região, inclusive para integrar os roteiros internacionais e como estratégia de conservação da biodiversidade na área de influência do corredor. “É uma atividade muito procurada”, atesta a secretaria Isabel Fróes.

Especialistas em birdwatching, dentre os quais Simone Mamede e Geancarlo de Lima Merighi, identificaram 10 roteiros com alta densidade de espécies, dos quais cinco em Porto Murtinho e os demais na faixa de fronteira e entre Carmelo Peralta e Boquerón, no Paraguai. Foram catalogadas mais de 400 espécies. “Esse segmento turístico representa um dos diversos modelos para o desenvolvimento sustentável do Corredor Bioceânico”, aponta a pesquisa.

Ecoturismo

Murtinho conta hoje com 800 leitos, distribuídos em hotéis e pousadas, com opções também de locação de casas para temporada. O setor está crescendo, com o surgimento de novos empreendimentos na cidade e na área rural, além de ampliação dos já instalados. Trabalhando com a pesca esportiva há 18 anos, o empresário Marco Aurélio Nunes (Marcão), 54, está construindo 12 leitos e projeta mais 36 no próximo ano em sua Pousada do Pescador.

“Estamos vivendo o melhor momento para a cidade e para a pesca”, diz ele, também presidente do Conselho Municipal de Turismo. “A infraestrutura está chegando com a Bioceânica, criamos o Fundo Municipal de Turismo e, junto com a prefeitura, estamos regulamentando todas as atividades e promovendo cursos em vários segmentos”, acrescenta. “Somos um destino de pesca consolidado, já temos poucas reservas para o ano.”

Se a pesca (ainda) é o forte, o ecoturismo está ganhando espaços com mais opções de hospedagem e roteiros. A cidade conta com excelentes atrativos, como o Morro do Pão de Açúcar, o Fecho dos Morros e o Morro Celina, lugares de exuberante beleza natural margeando o Rio Paraguai. O Parque Municipal Cachoeira do Apa, distante 80 km da cidade, é uma das melhores opções: conta com trilhas ecológicas e áreas para camping, banho e praia.

Dentre os novos empreendimentos, o Rancho Ilha do Farol vem atraindo pescadores e amantes da natureza, ideal para lazer em família. Situa-se à beira do Rio Paraguai, no Fecho dos Morros – que presenteia o visitante com uma vista panorâmica, além da fauna e flora e um pôr-do-sol deslumbrante. Distante da cidade 40 km por estrada e 45 minutos pelo rio, o rancho conta com 13 leitos, piscina, redário, água tratada, ar condicionado e internet.

Campo Grande