Circovirose: conheça mais sobre a doença que é uma grande ameaça para a suinocultura

A circovirose suína é uma doença endêmica que representa uma séria ameaça à suinocultura em todo o mundo. Esta enfermidade é causada principalmente pelos circovírus suínos tipos 1, 2 e 3 (PCV1, PCV2 e PCV3), com manifestações clínicas variadas e implicações significativas no bem-estar dos animais.

A médica veterinária Juliana Pinheiro forneceu mais informações sobre a doença.

Manifestações clínicas

A forma mais importante da circovirose suína é a Síndrome Multissistêmica do Definhamento Suíno (SMDS), que afeta leitões com idade entre 5 a 12 semanas. Nesta síndrome, a morbidade (taxa de animais doentes) e a mortalidade (taxa de óbitos) podem alcançar até 70-80%, respectivamente. Os leitões que sobrevivem muitas vezes perdem peso progressivamente, ficando sem capacidade de recuperação.

Além da SMDS, a doença pode se manifestar de outras maneiras, incluindo:

Problemas respiratórios: Os suínos podem apresentar sintomas respiratórios, o que agrava ainda mais o quadro clínico.

Enterites: Alguns casos da circovirose suína resultam em problemas intestinais, como diarreia.

Dermatite: Lesões cutâneas também podem ocorrer em consequência da infecção por circovírus suíno.

Nefropatia: Afeta os rins, levando a problemas renais.

Falhas reprodutivas: Isso inclui a ocorrência de leitões mumificados, natimortos, leitegadas fracas e abortos. Embora menos frequente, as falhas reprodutivas são uma preocupação.

Mecanismo de ação

Os circovírus suínos, em particular o PCV2, atuam causando a apoptose (morte celular programada) em células em divisão, especialmente macrófagos e linfócitos B. Isso resulta em imunossupressão, afetando o tecido linfóide e tornando os suínos mais suscetíveis a coinfecções com outros patógenos, como o vírus da Influenza suína e o Mycoplasma hyopneumoniae.

O Papel do PCV3

O Circovírus Suíno tipo 3 (PCV3) é um agente que ainda está sendo estudado em relação às suas manifestações clínicas e lesões. No entanto, estudos recentes demonstraram que o PCV3 pode causar a Síndrome da Dermatite e Nefropatia Suína em animais de 4 a 8 semanas de idade. Além disso, o material genético do PCV3 foi detectado em tecidos de suínos com uma variedade de sintomas, incluindo problemas gastrointestinais, respiratórios, reprodutivos, doença multissistêmica e sinais neurológicos.

Diagnóstico e detecção

Para um diagnóstico preciso da circovirose suína, é necessário associar a detecção do vírus com quadro clínico, lesões macroscópicas e microscópicas (histopatologia). A detecção do vírus se realiza por meio de técnicas moleculares, como a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). A sorologia, por outro lado, é usada para monitorar o rebanho, mas não é uma ferramenta diagnóstica para a doença clínica.

Controle e vacinação

O controle eficaz da circovirose suína envolve a identificação e eliminação de fatores de risco, o controle de coinfecções, estratégias de manejo aprimoradas e a vacinação do plantel. No Brasil, existem vacinas comerciais disponíveis, principalmente contra o PCV2. No entanto, a imunidade cruzada entre diferentes genótipos do vírus não está comprovada, e a introdução de genótipos mais patogênicos requer atualizações nas vacinas.

Para o PCV3, ainda não existem vacinas comerciais disponíveis, tornando o controle desafiador. Nesse cenário, as vacinas autógenas, produzidas com cepas específicas de cada granja, podem ser uma ferramenta importante para controlar a doença e evitar falhas vacinais.

A circovirose suína é uma doença complexa que requer uma abordagem multifacetada para controle efetivo e proteção do bem-estar dos suínos.

Canal Rural*

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