
Carlos Monfort
A Associação Paraguaia de Apoio Cannabis Amambay está sendo implacavelmente perseguida pelo intendente (prefeito) de Pedro Juan Caballero, José Carlos Acevedo.
A denúncia também aponta para empresas do ramo farmacêutico que fazem pressão para acabar com a distribuição gratuita do óleo do cannabis para fins medicinais.
A denúncia foi feita pelo presidente da entidade, advogado Sandro Sanchez em vídeo postado nas redes sociais onde faz um emocionado discurso dizendo da perseguição sofrida por ele, seus familiares e todos que estão trabalhando nesse projeto.
Sandro Sanchez já havia alertado no fim do ano passado que haviam “forças ocultas” tentando desestabilizar o trabalho da entidade, fazendo ameaças e perseguindo a ele próprio.
Nesta terça-feira, 1º de março, o presidente da Associação Paraguaia de Apoio Cannabis – regional Amambay, divulgou o vídeo onde afirma que a entidade está temporariamente suspendendo o atendimento e distribuição do óleo produzido a partir do extrato do cannabis (maconha) por conta do acirramento da perseguição imposta pelo prefeito José Carlos Acevedo.
Ele informa que nesta terça-feira, 1º, agentes da Senad estiveram logo nas primeiras horas da manhã no escritório montado pela entidade, na linha internacional, apresentando-se como interessados na aquisição do óleo.
Após informar os critérios para tal, os agentes passaram a fazer ameaças, afirmando que caso a distribuição continuasse, tomariam medidas cabíveis com a apreensão do medicamento e a prisão dos responsáveis.
“Estamos encerrando temporariamente nossas atividades por conta dessa perseguição do intendente. Mas não vamos parar nosso trabalho”, diz Sandro Sanches no vídeo.
“Desde a fundação da associação começamos uma nova luta, de continuar salvando vidas! e desta vez precisamos da ajuda de todos vocês associados, familiares, colaboradores, todos que defendem a importância do acesso à Cannabis para quem precisar. A família da Apacam precisa se unir e lutar, vamos conseguir! Não vamos parar! Não vamos fechar! A APACAM vai continuar!”, afirma Sanchez, derramando lágrimas dos olhos.
Mais de 200 famílias estão cadastradas pela entidade e recebem de forma gratuita o óleo extraído do cannabis.
A APACAM é uma associação cannabica medicinal de Pedro Juan Caballero, que trabalha em prol dos pacientes que precisam de tratamentos com derivados da cannabis.
“Com o valor arrecadado de forma voluntária iremos montar e equipar o nosso laboratório de extração de cannabis medicinal e assim continuar ajudando nossos associados e suas famílias. A cannabis medicinal salva vidas e vocês podem nos ajudar a continuar nessa luta pela vida!”, pondera o presidente da entidade.
VENDA NO PARAGUAI
Desde 2017 os óleos de cannabis para uso terapêutico já estão disponíveis no Paraguai e sob receita controlada, um mês depois que o Ministério de Saúde Pública autorizou a importação através de um laboratório local.
Até o momento, somente uma farmácia de Assunção vende os medicamento feito à base de maconha, com aplicação para epilepsia refratária e dores oncológicas, disse Ávila.
O gerente acrescentou que o vidro de óleo de cannabis para epilepsia tem um preço de 1,8 milhão de guaranis (US$ 323) e as gotas oncológicas de 1,13 milhão (US$ 235), custos mais baratos para o usuário que nos Estados Unidos.
“O produto para a epilepsia nos Estados Unidos custa US$ 500, é um preço subsidiado que o Paraguai foi capaz de trazer para o laboratório em vez de procurar um lucro em outro ponto de vista social”, apontou Ávila à “Rádio Nacional”.
Ávila acrescentou que o Ministério é o encarregado de vigiar a importação e de comprovar as receitas médicas dos pacientes que se beneficiarão desse tratamento.
“Todos os médicos podem prescrever, sempre e quando estiverem registrados e com o receituário do Ministério de Saúde, com o objetivo de fazer um acompanhamento”, disse.
Além disso, Ávila explicou que trata-se de um produto paliativo, no sentido de que ajuda aos outros medicamentos no tratamento da epilepsia e das dores oncológicas.
No final de maio, o ministro de Saúde Pública, Antonio Barrios, anunciou a importação do produto para permitir o acesso a uma “alternativa terapêutica que pretende diminuir o sofrimento de pacientes”.
A iniciativa surgiu após o importante número de pedidos para a autorização dessa substância para diminuir a dor, entre eles os da Associação de Pais Cannabis Medicinal Paraguai (Camedpar).
Organizações como a Fundação Mamãe Cultiva o Paraguai também advogaram pela aprovação do cultivo de maconha no Paraguai com fins medicinais. O Paraguai é o principal produtor de maconha da América do Sul e a compra e venda e produção desta planta é ilegal.
O prefeito de Pedro Juan Caballero, José Carlos, não foi encontrado para falar sobre as acusações.
