Um clima de tensão e insegurança vem crescendo na região de fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Motoristas de aplicativo brasileiros denunciam que estão sendo agredidos, ameaçados e impedidos de trabalhar no Terminal Rodoviário de Pedro Juan Caballero, por grupos de taxistas paraguaios armados.
Relatos obtidos pela reportagem apontam que os taxistas, agindo com violência, têm bloqueado o acesso de veículos de aplicativo ao local, intimidando motoristas e passageiros. Áudios que circulam nas redes sociais descrevem momentos de terror, incluindo ameaças de morte.
Em um dos casos, mulheres que desembarcaram na rodoviária e seguiriam para Ponta Porã foram obrigadas a caminhar quilômetros até o destino, depois que o motorista que as aguardava fugiu sob a mira de homens armados.
Outro episódio, ocorrido na terça-feira (5), mostra a escalada da violência: ao buscar uma passageira do lado de fora da rodoviária — como recomendado por colegas devido ao histórico de hostilidade —, um motorista teve o carro abalroado por outro veículo. Em seguida, um taxista armado o abordou com violência, empurrou-o, arrancou seus óculos e jogou-os no chão. O suporte de celular do carro foi arrancado e arremessado, assim como a chave do veículo, que caiu no meio da rua.
Os pertences da passageira também foram jogados para fora do carro, aumentando o constrangimento. Indignada, ela acusou os taxistas de conduta criminosa e se recusou a ser transportada por eles. A situação só foi contida quando dois homens intervieram em guarani, pedindo aos agressores para encerrar o ataque. Antes de recuar, o homem armado reforçou as ameaças, advertindo o motorista a não voltar àquele ponto.
Segundo motoristas, este tipo de agressão não é isolado e já se repetiu diversas vezes. A tensão é tanta que há temor de que, sem ação das autoridades, um episódio acabe em tragédia. Até o momento, não há registro de boletim de ocorrência ou pronunciamento oficial.
Em Ponta Porã, o transporte por aplicativo funciona normalmente, inclusive com corridas até Pedro Juan Caballero. No entanto, ao se aproximar do terminal rodoviário, motoristas e passageiros dizem enfrentar as ameaças.
O serviço de transporte por aplicativo existe legalmente no Paraguai, principalmente na Grande Assunção e em outros departamentos, sem registro de conflitos semelhantes. No Departamento de Amambay, cuja capital é Pedro Juan Caballero, a situação é diferente — a cidade concentra universitários brasileiros, especialmente estudantes de medicina, que dependem do serviço.
Procurados, representantes dos taxistas paraguaios não foram localizados para comentar as denúncias. Motoristas e passageiros pedem uma ação conjunta das autoridades brasileiras e paraguaias para garantir segurança e o direito de escolha no transporte.
