Viúva de Léo Veras acusa deputado paraguaio de tentativa de suborno para proteger suspeito

A viúva do jornalista Leo Veras, assassinado em 2020 na fronteira entre o Paraguai e o Brasil, fez uma denúncia grave contra o deputado paraguaio Santiago Benítez, membro do Partido Colorado. Segundo Cintia Gonzales, o parlamentar tentou suborná-la com a intenção de obter um pen-drive contendo provas que poderiam favorecer o principal acusado de envolvimento no assassinato, conhecido como “Cachorrão”.

De acordo com Gonzales, Benítez se ofereceu para intermediar a entrega do dispositivo ao Ministério Público paraguaio, supostamente com a promessa de recompensa em troca da omissão das evidências. O conteúdo do pen-drive conteria provas ligadas ao envolvimento do suposto assassino.  As revelações foram publicadas pelo jornal ABC Color nesta quinta-feira (24).

“Dias após a morte do Leo, ele [Benítez] me pediu que entregasse ao Ministério Público um pen-drive contendo provas que poderiam favorecer o principal suspeito, que tem ligação com o crime organizado. Ele insistiu muito e disse que, em troca, eu receberia uma recompensa”, relatou Cintia Gonzales.

A denúncia levanta sérias preocupações sobre interferência política no sistema judiciário paraguaio. “Cachorrão” havia sido absolvido, mas posteriormente teve seu julgamento anulado e permanece foragido. A suposta tentativa de ocultar provas agrava ainda mais o cenário de impunidade em torno do caso Veras.

A possível participação de um deputado em manobras para encobrir um crime relacionado ao narcotráfico e à atuação de facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), gera forte comoção e exige resposta firme das autoridades.

O caso de Leo Veras voltou aos holofotes após o consórcio internacional de jornalistas Forbidden Stories, em parceria com o OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project), divulgar documentos que evidenciam falhas gritantes na condução das investigações pelas autoridades paraguaias.

De acordo com o consórcio, pedidos de cooperação feitos por agentes brasileiros foram ignorados, e diversas evidências foram descartadas injustificadamente. Para Cintia Gonzales, não restam dúvidas de que seu marido foi executado por investigar a atuação do crime organizado na região de fronteira.

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